Claustrosofia, cárcere e rasura nas biografias literárias de escritores militantes políticos: travessias de Dalcídio Jurandir

Resumo

A militância política de escritores, em geral, aparece como um fato dissociado de sua carreira literária. Quando a atividade militante e revolucionária contra regimes de repressão culmina com a prisão política, a questão se torna ainda mais sensível no que concerne a relacionar a experiência do cárcere com a produção literária. A literatura do cárcere, portanto, surge como uma possibilidade de trazer à tona o testemunho desses escritores e, ao mesmo tempo, revelar uma faceta de sua biografia literária que, normalmente, é informada de maneira discreta, quase rasurada da vida do autor, como se a atividade política estivesse alienada da figura do escritor. Para esse estudo, trouxemos uma reflexão sobre o escritor paraense Dalcídio Jurandir, militante comunista preso durante a Era Vargas, em Belém, no Pará. Sob a ótica do conceito de claustrosofia, de Roberto Vecchi, iremos refletir sobre a atividade literária e intelectual de Dalcídio no cárcere com o objetivo de inserir tal produção em novas perspectivas de leituras.